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10 agosto, 2012

Quadrinho Errado


 "Eu desconfiava;
Todas as histórias em quadrinhos são iguais."
Carlos Drummond de Andrade

Saltou da moto (faz de conta que é um cavalo, tanto faz), agarrou-a pela cintura como um louco, puxou-lhe a capa (que capa?), e deu-lhe um enorme beijo na boca. O pobre infeliz chamou-lhe Mulher Maravilha num sussurro convincente ao seu ouvido.

A cena seria tipicamente sensual, mas... Erro dele. Desapontada, a Mulher Gato deixou-se cair de um prédio de ilusões, deu de costas e foi-se embora... Não sou a Mulher Maravilha nem tão pouco tenho capas para que consigam me agarrar.

Mulher Gato? Outro erro. Também não... Nem fantasie! Não tenho aquela sensualidade toda nem mesmo rebolando em cima de um muro de um beco de rua com um chicote barato na mão.

Sou normal mesmo (Opa!), um pouco mais morena que o normal devido á genética e á insistência do sol por essas bandas no decorrer do ano todo. Sim, gosto de aparecer no sol ao contrário de certas heroínas por aí. Não sei bem quanto media a Mulher Maravilha nem tão pouco a Mulher Gato, mas devo ser bem menor, ando por volta dos cento e sessenta centímetros, mais coisa ou menos coisa ando por aí. O cabelo, sim, é maior e gosto mesmo que ele me atropele a vista míope num franjão, vermelho, mas não Mary Jane e me falta o chicote, a roupinha sexy de couro, alguns quilos no corpo (em cima na frente, e em baixo atrás), mas isto é para que não haja confusões.

Ah, e é verdade, apesar de pequena, calço o número 37, sim eu repito por extenso: trinta e sete - assim sempre podem verificar as grandes pegadas e ver se realmente sou eu ou não. Fica bem mais ou menos esse erro, ao menos por aqui vou me saindo desse tipo de confusões...

Eu também desconfio. O resto são todas iguais.


27 junho, 2012

Estranha Utopia


Aqui,
entre as quatro paredes da minha mente tu deslizas
como gotas pela minha pele
como se eu estivesse entregue a uma tempestade.

E te sinto,
sem que me toques,
como se fosses chuva acariciando meu corpo.
Me cantas ao ouvido, e acalmas minha alma como se de música fosses feito,
moves-se em mim, como se fosses o ritmo de uma dança mística...

Ah, e eu desejo-te...
E por tanto desejo surges logo á minha frente como não mais que uma ESTRANHA utopia,
como um sonho realizado, como um poema cravado, ou como uma aposta ganha.

Apareces-me como uma visão, e eu agarro-me febril ao corpo que minha mente criou, e abrigo-me entre os relevos do seu rosto, e aspiro os aromas que pertencem unicamente á ti, vou criando-te - homem - diante de mim, moldando com minhas mãos, meu vazio, que conhecem de cor as formas da tua sombra, contornos que apenas eu sei, olhares que apenas eu vejo.

Dou-te sons de voz e respiração
com decibéis inaudíveis, que apenas eu ouço.
E eu, agora, desejo-te inda mais como o poeta concebe com dor e prazer o seu desejado poema,
ou como só um criador pode desejar a sua criação...


Krol Rice

17 junho, 2012

Desabrigo


Nesses dias em que me vejo
Sem nenhum teto e sem um chão,
Dá-me uma morada em tua mente
Que fui despejada de teu coração... 

(Que teu futuro me reserve então.)

 
Krol Rice

30 maio, 2012

Per(metida)

 
Tenho licença poética
E permissão
De sonhar no escuro
E rabiscar tronxos muros
Com a minha paixão.

 
Krol Rice

03 maio, 2012

Poeminha Pessimista



Virão para a cara
as rugas
as rachaduras
e as escaras.

De vingança dura
Virá a banha
dos bichos mortos
por sua gorduras.

Virá desgraça
e com o tempo,
Colesterol e diabetes
E irá a vida de graça.


Krol Rice

27 abril, 2012

Sete Passos



1 -Você pode entrar em minha mente
Com a mesma sutileza com que respiras;

2 -Você pode respirar meus lábios,
Na profundeza de minha boca quando mergulhas;

3 - Você pode invadir minhas veias
E se perder-se entre os poros da minha pele;

4 -Você pode fundir nossas almas, nossos corpos
Sem que nada os repele;

5 - Você pode penetrar por minhas artérias
E acelerar meu frágil coração;

6 - Você pode me tocar,
E me queimar na temperatura da paixão;

7 -Você pode viajar por minha derme
E chegar ao destino que desejar;

Só você pode... Se quiser. Desejar.




16 março, 2012

Só você e eu...


"Quando penso em você me sinto flutuar, 
me sinto alcançar as nuvens, 
tocar as estrelas, morar no céu"...
Shakespeare


Com um sorriso confiante e os olhos luminosos em um relance, você segurou minha mão pela primeira vez e me garantiu que alguém estivesse aqui .
 
Para preencher meus momentos de riso e diversão... Para iluminar o meu dia com amor carinho e afeto e beijos ... E você me deu esperança quando não havia ninguém e a força para continuar com minha vida ...

Você mudou os raios do sol negro da minha vida em tons de amarelo da alegria. Agora, quando a chuva está a chover, são gotas de felicidade em mim ... Meu coração está perdido em seu amor doce e ele desesperadamente anseia por ti...
 
Eu quero-te tanto, não importando nada mais neste mundo:  
 
Só você e eu, e as sombras dessas estrelas no céu... 


14 março, 2012

Janelas


Entre muitas outras coisas, 
tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. 
Sozinho não o podia fazer.
( Franz Kafka )


  Este céu através das minhas janelas, pesado por tantas nuvens de futuras chuvas, lembrou-me você, com esses pequenos olhos usurpando estrelas quando todas elas se acendem.
A chuva barulhenta na calçada vai te lembrar que eu estou com frio, sentada na cama vendo a vida passar por mim, esperando você entrar através das minhas janelas.
  Abro a janela para te espreitar, mas eu já desconfiava que tu sonhavas de lado, com os braços e pernas bem apertadinhos, tomando conta do meu mundo num abraço enrolado. Será impossível saber o que poderia acontecer se eu deixasse os meus sonhos para trás com o vento soprando às minhas costas. Uns sonhos que teimam em ficar aberto em comunicação com o teu. Sintonizados.
  Acorda, não é o vento assoviando, sou eu que te canto, aquela que há tempos te ver nanar, num dorme bebê, lembras? Ou talvez você pudesse me tirar da tua mente como fones de ouvido...
Talvez você também ouça as chuvas de março fechando o verão... 

Krol Chacon

27 fevereiro, 2012

Sétimo Céu



"Maldita essa escada que cansaria até os anjos!"

Victor Hugo

Para o inferno as escadas e seus infinitos degrau, degraus, desgraça...
Carrego um botão e prefiro esperar que o elevador desça e venha me buscar. Ando cansada de tentar subir esse infinito.
Para o inferno os quilômetros abaixo e acima que tenho que percorrer. Acelero e pronto: num piscar de olhos lá chegarei. Excitação em subida rápida no descer passado um tempo, podia parar lá em cima num pause qualquer, sei lá congelar aquele nosso segundo perfeito: sétimo céu...

Estou farta de empecilhos que me tapam o resto da visão na livre expressão do tempo. Abrirei as janelas, quebrarei as paredes, e rasparei os cabelos que me caem nos olhos.
Rebelo-me, e pro inferno mesmo as escadas, que eu espero que o elevador que sobe e desce venha mesmo me buscar... 

23 fevereiro, 2012

Falta de Poesia

 quando menina
corria de bicicleta
para contemplar:

um menino de olhos castanhos.
rua, sol, estrelas

ciúme de brincadeira alheia,
as horas corriam
estrelas acendiam.

sangue em curativo de panos.
pisa de pai, de mãe

amizade etérea
sem o amor Nato.
só espírito enamorado

21 fevereiro, 2012

Medo de Pesadelos



“Eu hoje tive um pesadelo/
 E levantei atento, a tempo/ 
Eu acordei com medo/
 E procurei no escuro/ 
Alguém com o seu carinho” 
Cazuza

Nada além mais... Somente a dúvida fere o meu coração: o peito aperta-o e a minha respiração mal se sente. Esqueço tudo e salto da realidade, e sobre salto, desaperto o botão de cima da saia e corro feito uma doida qualquer. Estou bem assim para você? O que achas?
Penetro o sentimento, forte por sinal, de tanto aperto no coração. Caminho na realidade, e choro nos sonhos, e tremo o tempo todo até o fim da tristeza.
Apenas vivo no sonho de invadir teus sonhos. Porque nos meus sonhos, eu sem saber o porquê, desenho a chuva com pintas de saudade, e em tons de guerra pinto as nuvens, e o com o resto das cores, coloro as minhas mágoas, e o teu amor que deveria ser o mais vívido, deixo transparente. Desses sonhos trago para a realidade do meu travesseiro minhas lágrimas como souvenir das dúvidas. Acordada, enterro-as no branco do papel.
O tempo muda, chove, ficam chuviscos na imagem da TV. Desligo-nos.
No reflexo da televisão desligada me observo quieta e abraçada às minhas  pernas finas pelos dias que passo a fio. Trovões rompem-me o tímpano em gritos de solidão. As dúvidas me atingem como raios de receios. Sofro medos de dormir sozinha abraçada á pesadelos. “Sweet dreams are made of these...” Apago a chuva, os meus sonhos, e corro direto para os teus...
Me aguarde á noite.


 
Krol Rice

17 fevereiro, 2012

Bom Tempo



 "A vida é uma lousa, em que o destino, 
para escrever um novo caso, 
precisa de apagar o caso escrito." 
 Machado de Assis

Ele foi se achegando devagarzinho, travesso que só ele mesmo falando de coisas que me levavam a pensar na sua juventude tão cheia de sonhos e planos... Começamos com uma brincadeira infantil até que estranhamente os laços foram se apertando, e o que era um amor de sonhos passou a ser um sonho de amor. Suas palavras beiram às vezes a uma infantilidade invejável e a maturidade de quem viveu a eternidade em vinte anos e oscilam desde a fragilidade de menino, a uma atitude divina relegada somente aos grandes homens.

Demorei a encontrá-lo, mas o tempo é marcador de épocas e mundos diferentes. Não pode nunca o passado misturar-se com o futuro nem tampouco o futuro sonhar com uma vaga no passado. O que é um confronto de ideias bem interessante. E eu aceito como um presente para meu presente e para o futuro. Antes o que achava um pouco estranho, hoje já não acho nada estranho... Eu só o amo para sempre, e é melhor, bem melhor esse tempo de agora...

Krol Rice

02 fevereiro, 2012