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20 dezembro, 2013

Razões (e Outros Motivos)



Tenho razão e revoltas:
Houve uma aliança implícita que rompeste
Como romperam as gotas de chuva quando caí
Rompeste a promessa, a mesma que esqueci
Sem prazo, sem aviso prévio, sem provocação.

Tenho razão e paciência:
Teu relógio de pulso enlouqueceu?
Não vê que antecipaste o tempo.
Está quebrado e louco no ritmo do vento?
Tu enlouqueceste as nossas horas.

Tenho razão e devaneios:
Que poderias ter feito de mais insano
Além desse ato sem pé nem cabeça,
Quebraste o equilíbrio natural do planeta
Tirando-me da órbita de uma estrela solitária

Tenho razões e dúvidas:
O fato é que não ousamos nem sabemos ousar
Porque depois dele, não há nada?
Quem dá a primeira passada?
Quem ficou vai atrás ou quem se foi volta atrás?

Tenho razão e arrependimentos:
De nossa convivência em falas caladas,
Articulando sílabas conhecidas e banais
Que eram sempre certas e fatais.
Simples como apertos de mãos de amigos em tédios.

Sim, tenho razões e desesperos:
Odeio-te e acuso-te porque fizeste
O não permitido pelas leis do amor e da natureza
Nem nos deixaste sequer o direito de certeza
Porque me deixaste. Porque tu me deixaste ir...


Krol Rice

25 novembro, 2013

Passageira


"A vida é tão passageira. Tão frágil... 
Cada respiração pode ser a última."
(Coringa Quinn)

Por você eu até viveria.
Por voce até me daria alguma vontade de viver.
Deu, eu vivi.
Passou, também passei...

Krol Rice

07 outubro, 2013

A Preencher


"Em um coração cheio há espaço para tudo,
e em um coração vazio não há espaço para nada."
(Antonio Porchia)

Aqui dentro de mim o espaço é infinito,
o tempo é infindo.
Só,
dentro de mim o isolamento se instala em cada canto,
em cada centímetro da vasta imensidão do meu ser.
Há tantas terras a serem cultivadas;
tantos mares, tantos terrenos a serem ocupados.
Tanto silêncio a ser quebrado onde a solidão é gritante, seca e apática.
Monótona demais.
Dentro de mim cabem casas com banco no quintal,
gramas e flores;
cachorro,
uma, duas crianças, seus risos.
Cabe alguém deitado em meu colo e uma conversa qualquer.
Posso me preencher de músicas, danças, choros, amores, guerras e desastres naturais.
Dentro de mim cabem livros, poemas, orações, paixões e cabe o mundo.
Cabe o universo inteiro dentro do vazio em mim.

17 agosto, 2013

A Última Idade



"Nunca tive outra idade senão a do coração."

(Ninon Lenclos)

   Finalmente. Chegamos à idade em que para vivermos por mais tempo, devemos saber acrescentar mais vida ao tempo que ainda temos.
   É nessa idade que teremos de aprender que a vida só começará quando tomarmos ciência que ela é passageira. “Tudo passa, até a uva”.
    Essa é a idade em que pegaremos o que temos, escolheremos o que será passado e separaremos o que queremos para o futuro. Nós saberemos aceitar consequências ou apenas aceitaremos.
   Nós optaremos por atravessar nossas tempestades exteriores e interiores, mas também seremos capazes de encontrarmos abrigo no fundo de nossa alma.
   A partir dessa data, reconheceremos o que nos é mais importante agora e não só apenas em momentos de crise. Sonharemos sem limites, choraremos sem vergonhas e sorriremos sem medidas.
   E amaremos. Mas não que não soubéssemos amar antes, mas é que daqui para frente amaremos sem dúvidas, sem medos e sem perdermos mais tempo. Por que daqui para frente, tempo é o que não nos resta.

Krol Rice Chacon

10 agosto, 2013

Quanto a Promessas Solenes



Por favor, não me venham com promessas.
Pago o que for para não me causarem expectativas. Tem algo (bom) para mim? Então, me surpreendam! Promessas não cumpridas são mentiras (e ponto) e não adianta toda a boa intenção lá naquela hora. São mentiras tão desleais como uma propaganda enganosa feitas com loiras falsas. Não, não vai descer redondo.
   Não me jurem nada, eu acredito.
Eu sou assim, lesa, com pose de cética e munida com uma memória perversa que armazena o quando, onde e em quais circunstância deveria acontecer o tal troço que nunca acontece. Ah, e sem contar a espera: sofro por antecipação. Odeio ansiedade. Adoeço e vem febre, vem dor de cabeça, diarreia: uma maldita infecção.
   Por minha segurança e física e mental eu deveria passar notas promissórias a cada promessa solene. A palavra não cumprida deveria dá perda de mandato. Dá processo, cadeia, pena de morte. E por falar de morte, a verdade é que o homem tem de próprio na vida é só sua palavra. O resto ele apenas toma de empréstimo enquanto não morre.


27 julho, 2013

Sobre Números e Paradoxos

 
 
       Somando-se ás coisas sobre a minha cama: Roupas, livros, fotos. E mais umas dezenas de lembranças que trazem centenas de memórias.
     O papel cheio de suas letras – dedicatórias. A cabeça cheia de minhas confusões – compulsórias.
     Minhas poucas certezas e muitas dúvidas:
     Certo que fui feita muito feliz e sabia. Infelizmente não soube como fazer. Disso eu sei.
     Suspeito que melhor de mim talvez não tenha sido nada. Ao menos não o suficiente. Nunca dará para saber.
     Todo esse paradoxo de milhares sentimentos seria cômico para alguém se trágico não fosse. Para mim.