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27 agosto, 2009

Leia-Me




Vê:
não saberei nunca
dizer adeus

Inda não morremos,
apenas dormimos
só os mortos souberam morrer.

Cabe ainda muita coisa,
há ainda tudo,
só nós não somos inteiramente.

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo.

Ou a paixão,
em momento nenhum,
é tarde.

Resta esse sossego
que eu não quero,
este exílio de ti...


Esta solidão de todos...


Cada parte de mim,
não resta de mim
nada que seja eu.

Alguma palavra minha
alcança o teu mundo,
eu sei...

Resta mais nada pra mim
ainda assim,
eu te procuro.

Ouço as mesmas canções
as que nos embalavam
eu ainda lembro.

Leia-me no seu vazio,
onde não há nada
ainda assim, escrevo.

09 agosto, 2009

Sete Coisas Que Eu Odeio Em Você




Odeio teu olhar
Sinto-me estranhamente nua
Mesmo no meio da rua...

Odeio tua voz
Presa em minha garganta,
Mas minha respiração te conta...

Odeio teu sorriso
Me ruboriza a pele,
Faz queimar minha face em febre...

Odeio teu beijo
Que me tira a inocência
Me rouba a paciência...

Odeio tuas mãos
Que me arrancam o juízo
E me levam ao teu paraíso...

Odeio teus muros
Onde me prensas louco
Entre a parede e teu corpo...

Odeio quando me faz admitir
Meu odiado desejo:
Que irremediavelmente te desejo...

04 agosto, 2009

Casa da Mente




Casa dividida não resiste.
Pego um livro qualquer,
Penso algo qualquer,
Em guerra eu me deito,
E cedo finjo que cedo.

A estratégia agora é nada.
É um instante sem guerra
E nada mais incita a guerra;
Nessas horas que não luto contra o fim
Há a verdadeira entrega de mim.

E nada mais excita minha mente
Do que a nudez de uma alma,
Que faz casa em minha alma,
Que eu dispo calmamente,
E a descubro sutilmente...

Nessas horas não luto contra nada
Descubro a entrega verdadeira
E arranco armaduras, e quebro trincheiras,
Ao menos a mente não mente,
Não há mais guerras em minha mente.

02 agosto, 2009

Trio de Promessas



Eu te darei os beijos e as mãos que ficaram por vir...
Darei quando quiseres voltar:
Estórias que ficaram por cumprir e o que ficou por se sentir.
Ilusões que ficaram por existir,
Lembro que te esqueceste de mim e com teu amor não posso contar.

Eu te darei noites vazias que esperam que as preenchamos de nós...
Darei quando quiseres voltar:
Ecos que ficaram por soar e que nunca moraram na minha voz.
Intervalos de dias cheios de um nada que correm sem nós,
Lembro que sabes viver sem mim e com teu amor não devo contar...

Eu te darei uma a uma todas as vezes que ainda te espero...
Darei quando quiseres voltar:
Encontros secretos e escuros que há entre mim e o desespero
Instantes em que eu devaneio e as vezes que te quero,
Lembro que ainda que não contes com meu amor tu irás contar!

01 agosto, 2009

Devorar-Te



"Teus sinais
Me confundem da cabeça aos pés
Mas por dentro eu te devoro...”
 (Djavan)


Se vais deixar que eu te devore,
E mate minha fome de ti, quero na realidade
Devorar-te completamente, de uma vez.
(Juro não deixar-te-ei pela metade).

Metade você nem é, nem o quero assim.
Comerei quente ou frio (com brutalidade),
Não te transformarei em sobras.
Matando toda a minha vontade,

Não tenho mais medo do depois,
Do prazer que terei ou da infelicidade.
No depois já estarás dentro de mim.
Assim devorarei logo, sem piedade.

Eu comerei a começar pelo olhar
Que incredulamente lê minhas verdades;
Morderei teus lábios, tua pele, teu corpo,
Não mais com desejo. Com ferocidade

Eu beberei teu sangue, e suor,
E olhar, pensamento, e sanidade,
Teu ser, e estar, e o teu querer amar,
Todo você com toda intensidade.

Estou pronta a digerir o mais duro de ti:
Tuas fraquezas, tristeza e vaidade;
Rasgarei nos dentes teus desgostos,
A fome causou a minha agressividade

E antes que te arrependas,
Te devorarei com agilidade
Para não implorar por teus restos.
(O que não é nem ao longe minha prioridade).

Se quiseres me deixar te devorar,
Então que decidas com brevidade,
Antes que tu me mates,
De fome. Ou de ansiedade.