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05 junho, 2010

Suposições do Amor


(Sob 'Reconhecimento do Amor’, de Drummond)

Minha paixão...
São tão estranhos os destinos da amizade.
Não aparecestes com palavras suaves.
Trazias os olhos pensativos,
Nenhum olhar para mim.
Eu trazia a espera dos desencantos de ilusões.
Não pedias nada,
Não reclamava.
Não pedi,
Não ouvi.
Eu culpava tudo pelos meus desencontros.
Queria, talvez, sem perceber (eu juro!):
Mudar de mundo,
Fugir;
Te esconder dentro dos meus desencantos,
E angústias,
E enganos,
Que doíam por mim desde quando nasci,
Ou em qualquer outro momento
Atemporal.

Como me enganei fugindo do amor!
Como o desconhecemos,
Talvez pelo medo de seu domínio,
Seu despotismo,
De seu absolutismo incrível
De glória e lágrimas.
Entretanto ele chegou,
E me envolveu.
Docemente,
Sutilmente.
Não queimava como eu acreditava,
Não doía como eu temia.
Sorria...
Estranho...
Mal entendi (tonta que fui) esse envolvimento.
Ferí-me pelas minhas próprias mãos;
E pelas palavras das bocas e mãos de outros;
Não pelo amor que trazias para mim,
E que tua boca confirmava junto a meus lábios
Na estranha procura do outro.
O Outro que me supunha,
O Outro que te supus.
Quando - pedido pelo amor - supus sermos um só.
Agora (e para sempre)
Paixão minha:
Nem olhar precisamos ter para ver,
Nem ouvidos para captar
O domínio, o absolutismo da vida;
Perdidos que estamos, nem mesmo somos nós.
A sós:
Somos perfeitamente: UM só...

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